Caras alunas e alunos,

Diante do desafio de organizar estas atividades online, resolvi experimentar esse formato. Primeiro, sei. Para falar e mexer com estes materiais, num sentido artisticamente válido, emoção, sensação e sentido são fundamentais. E é isso que perco, colocando o material aqui: não consigo perceber como as coisas emocionam vocês. E isso é difícil para um professor. Por isso, esta pequena introdução.

Sugiro o contato com os materiais aqui organizados. Em alguns momentos pontuo análises, coreográficas. O que isso quer dizer? Quer dizer que o ato de criação, o processo que deu forma e concretude para os registros aqui documentados, não tem nada a ver com esse momento de análise. A minha proposta de análise é excessivamente analítica e lógica. Do ponto de vista da materialidade do artista, exige de nós uma abertura para um outro tipo de sensibilidade. Mesmo que essas maneiras de sentir possam dialogar com maneiras de pensar. Portanto, a noção de análise coreográfica remete a um dos sentidos originais do tipo de atuação de um coreógrafo: a de buscar na dança um tipo de análise que transmita algo do conhecimento presente no seu acontecimento.

Neste caso, adentraremos alguns trechos coreográficos a fim de ver mais de perto a dança e o teatro.

Peço que vocês estejam atentos ao que realmente os toca. Como vocês se emocionam. Peço que carreguem isso no tempo. E que os pensamentos, as dúvidas, as inquietações de vocês possam chegar até mim, na aula, quando conversaremos pessoalmente.

Ao longo das propostas de estudo dos materiais sugiro algumas perguntas. Eu, particularmente, sugiro que vocês escrevam respostas. Somente ao que vocês sintam vontade de responder (não precisa responder o que você não tiver vontade de responder). Estas respostas escritas não precisam ser entregues para mim. Prefiro que vocês as guardem no coração - que é a etimologia de decorar, saber "de coeur", saber de coração.

Apesar de não conhecê-los pessoalmente, peço que sejam o mais sincero possível, comigo, com as perguntas e com os materiais. Se algo não o emociona. Tá tudo bem. Se as perguntas são ruins, e não mobilizam um desejo de respondê-las, não responda. Se você ler ou ver coisas que não entendeu, e tem vontade de entender, me pergunte depois. Se não tiver nada a falar, não fale.

Aí entra a segunda dificuldade. A de conduzir um processo pedagógico "coletivo" neste formato. Este material foi organizado para que possamos nos ouvir. Provavelmente, alguém terá algo a dizer. E deste tipo de escuta, talvez, ouvindo algo de outra pessoa, algum pensamento acorde. Enfim, o silêncio e a escuta.

Abraço,
Andreia
início